quarta-feira, 27 de abril de 2011

Aromas - Sintetizar ou Extrair?

A grande questão a ser respondida após a identificação e isolamento de uma substância química odorífera é: "é compensatório extrair este aroma de fontes naturais ou sintetizá-lo?"
A resposta a esta questão depende de fatores comerciais e econômicos. Primeiramente deve existir um mercado consumidor para o aroma em questão. Caso haja potencial econômico para sua exploração, devem-se avaliar os métodos de síntese e extração disponíveis, avaliando os seguintes parâmetros:

- o aroma deve apresentar-se na forma mais pura possível - muitas vezes a extração é o método mais barato, mas fornece um produto de baixo teor de pureza, com menor valor agregado;
- deve-se obter o produto final com o mínimo de perda - caso perca-se muito material no método de extração, ou o rendimento do aroma seja muito baixo, podem-se estudar rotas sintéticas economicamente mais viáveis;

- os processos, de extração ou síntese, devem ser o menos agressivos ao meio-ambiente quanto possível;

Pode parecer que as rotas sintéticas são o caminho mais fácil e lógico a se seguir após a identificação de um composto aromático. Entretanto, 75% de todos os aromas e fragrâncias utilizadas são extraídas de fontes naturais. Na maioria das vezes, as rotas sintéticas são muito mais caras que a extração simples do composto de interesse, mesmo que a pureza do produto final não seja elevada. Algumas vezes, há dificuldade de controle de centros quirais nos processos de síntese, como é o caso do limoneno:
Formas de apresentação do limoneno.
Enquanto o R-(-)-limoneno fornece odor de limão, o S-(+)-limoneno é responsável pelo aroma de laranja*. Ainda assim, as rotas sintéticas para sua produção são extremamente caras, também pela necessidade de controle dos centros assimétricos, e 99,99% do limoneno produzido e distribuído na forma de óleo essencial de laranja é extraído de fontes naturais.

*Ainda discute-se se o limoneno é realmente o responsável pelos aromas de laranja e limão. Há autores que defendem a tese de que este composto é responsável pelo aroma frutal, e não cítrico. O responsável pelo aroma cítrico seria o ácido cítrico. Entretanto, como este ácido não é volátil, diz-se que o efeito cítrico é a percepção retronasal deste ácido, em conjunto com o limoneno e outros ácidos orgânicos presentes nos frutos. 
 
Uma importante classe de compostos, as fragrâncias ambergris, por exemplo, embora utilizadas desde a antiguidade, precisaram ser substituídas por derivados sintéticos devido a questões  ambientais.

O ambergris é um produto do intestino das baleias Physeter caton L.,Physeteridae, que originalmente era coletada nos oceanos, passou a ser obtido pela extração direta das carcaças. Seus principais constituintes são a ambreína e o ambrox, que em contato com a atmosfera sofre oxidação, gerando componentes com aroma floral de grande valor para a indústria da perfumaria.

Dentre os demais componentes encontram-se outros triterpenos como o epicoprostanol e o coprostanone. Com a proibição da importação, que se deu inicialmente nos EUA a partir de 1972 e seguidamente foi acompanhada por vários países, foi substituída por derivados sintéticos.


Ambreína e ambrox, principais componentes do ambergris.

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